A arte contemporânea chinesa não é um assunto tão debatido aqui no ocidente mas tem ganhando cada vez mais espaço com alguns nomes se tornando referência mundial.
Então vamos para uma pincelada de história:
1911 é marcado pelo fim da Dinastia Qing através da primeira Revolução Chinesa assim terminando com imperialismo e dando início a República da China e, teoricamente, o poder político para a população.
Já durante a primeira guerra mundial a China era economicamente frágil e entrou tímida acreditando na vitória da Tríplice Entente que continha: a França, o Reino Unido e o Império Russo.
O governo convocou jovens chineses para empreender e trabalhar pela Europa durante esse período de revolução industrial, sendo que na verdade estavam indo para os campos de batalha e como toda história de guerra que conhecemos: muitos não voltaram para casa outros ficaram pela Europa.
Em 1919 já com a primeira guerra finalizada houve o conhecido Movimento de 4 de Maio que foi organizado por estudantes a fim de protestar contra a fraca resposta do governo chines ao Tratado de Versalhes que marcava o fim da guerra.
E este foi o estopim para o início o modernismo Chines.
O modernismo na China marca um periodo de grande ruptura para arte e estética da época.
Fortemente influenciada pelas dinastias milenares passadas, não havia tanta diversidade de materiais e conteúdos na parte técnica da coisa, contudo apenas depois que a República da China se tornou República Popular da China no pós-segunda guerra mundial começaram a explorar mais técnicas ocidentais.
Os reformistas propõem utilizar fortemente o realismo ocidental e enviar artistas para estudarem técnicas modernas e sistemas de educação a fim de criarem academias próprias no País.
Alguns artistas que se destacaram neste grupo foram: Lin Fengmian que aderiu ao fauvismo, Liu Jipiao que misturou o modernismo com a estética chinesa na arquitetura e Xu Beihong(Ju Péon) que realiza uma forma de expressionismo sobre nanquim.
Este grupo de artistas acabou criando um novo gênero denominado Pintura Moderna Chinesa, na qual utilizavam de técnicas e alguns materiais ocidentais e pinćeis chineses realizando uma conjunção artística com resultados diferentes.
Durante o governo de Mao Tsé Tung foi redigido um modelo de normativa para as expressões artísticas e declarando que - entre aspas - “a arte deve estar a serviço do povo e ao serviço da revolução”.
Isso dá início ao realismo revolucionário colocando os camponeses como heróis e qualquer tipo de expressão fora desta temática é banida, enquadrando-se em uma rígida censura dentro das academias e associações.
Artistas e intelectuais são alvos Revolução Cultural que dura de 1966 até 1976 pregando o Maoísmo - uma vertente da ideologia comunista adaptada para o Partido Comunista Chines - resultando em diversos protestos, prisões e mortes.
Com a morte de Mao Tsé Tung e o desmonte da chamada: Mao era, Deng Xia Ping se tornou o primeiro Chefe do Comitê Central do Partido Comunista e com sua política um pouco mais “aberta” devolveu a liberdade de expressão aos artistas e intelectuais.
Com este novo governo, mais aberto a China presencia uma verdadeira chegada da Arte Contemporânea.
A maioria dos artistas, antes em represália pelo regime começam a atacar diretamente sua gestão através da ironia e zombaria resultando em exposições censuradas e canceladas.
Já nos anos 90, com mais liberdade de expressão acontece uma grande internacionalização do movimento contemporâneo Chines. Em 1993 na 45º Bienal de Veneza, pela primeira vez, 13 artistas foram convidados para o pavilhão “Passagem para o Oriente”.
Dentre o grupo destaco: Yu Hong, expressando a relação do indivíduo com as rápidas mudanças ocorridas na China e Zhang Peili como artista multimídia com instalações em vídeo, também buscando críticas sociais em seus resultados. Em 1999 a Bienal de Veneza já contava com 25% dos seus artistas chineses e o destaque vai para Cai Guo-Qiang, premiado pela obra: “The rent collection courtyard” em tradução livre: “O pátio da coleta de aluguel”. Uma instalação em tamanho real que mostrava a saga dos camponeses chineses sob o domínio do regime adotado pelo país.
A obra se tornou uma complexa polêmica sobre a arte contemporânea chinesa gerando tensões entre a arte experimental e acadêmica ao olhar de intelectuais chineses e críticos do ocidente.
Nos anos 2000 duas exposições: Off Bienal e Fuck-off trouxeram experimentos de artistas a partir de fetos e restos humanos.
A mostra por organizada por Ai Weiwei e mesmo contra todas as expectativas as autoridades não fecharam essas exposições.
Isso marca fortemente a relação com censura e parte da história da China sobre os conceitos e formas de expressão.
Trazendo para os dias atuais, a China ainda sim é um país que mantém uma reputação rígida e perseguição aos artistas. Muitos deles, principalmente os contemporâneos residem em sua maioria nos Estados Unidos e evitam retornar ao seu país natal.
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